A PALAVRA FALADA
(título)
(observação pertinente: leia em voz alta) a palavra
tem
diversas formas
tem a forma
física materializada em papel
materializada
em um livro materializada em uma tela de
computador
em um jornal em uma camiseta a palavra
falada
oral tem seu lugar no espaço
tem seu lugar na morte
logo
após ser proferida falo disso apenas para esclarecer
esse
desconcerto com a palavra a palavra quer dizer
muitas
vezes e não sabe mais o quê a palavra
deshabita
os sentidos
que
carrega a palavra é morta depois de exposta mas a palavra
vive
em um sentido no sentido do receptor a palavra vive e
ganha
outras proporções (em voz alta faz sentido) proporções diversas
a
palavra é desconcertante a palavra é penetrante a palavra
nomeia
coisas conta coisas que aconteceram a palavra destrói
e
reconstrói
quando o sentido se encaixa a palavra é coisa embrulho
caixa
de pandora encontrada no esgoto da memória a palavra
constitui
a palavra vaza a palavra é material de
criação
e destruição ao mesmo tempo e não anula a si mesma
(pausa
silenciosa) palavra devo a ti alguma coisa posto que aprendi
a
falar a palavra dá sentido ao meu pensar
a palavra me deixa
vazia
mas não me sacia (ponto final)
Um pouco sobre essa escrita... Primeiramente ela nasceu falada, exatamente como o título sugere. Eu gravei ela no celular e ali deixei guardada a gravação, até ter a intuição de transcrevê-la. Logo fiz essa brincadeira com as fontes justamente pela urgência que essa escrita tem de gritar a si mesma... Por isso convido o leitor a lê-la em voz alta, para que tenha vida no ar, morra e permaneça apenas o sentido. Tive a felicidade de enviar para publicação na Suplemento Acre, Fanzine #18 que é feito pela Editora Ameopoema.
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